Linn da Quebrada é um dos caminhos
Uma travesti sendo amada (e RESPEITADA) na televisão brasileira.
Não precisa vir ninguém dizer que BBB é fútil e que não é revolucionário, porque pra mim isso simplesmente não importa. Imagino o tédio de viver uma vida onde tudo, até entretenimento, precisa supostamente ser baseado em “revolução”.
Também, pelo contrário, não precisa vir ninguém dizer que “travesti preta ocupando espaço é revolução sim”, pois não, não é. É foda, é potente, é maravilhoso, mas revolução é outra coisa. E como disse, isso não importa.
BBB é entretenimento, tantas vezes problemático e em alguns momentos reproduzindo abusos e preconceitos, é verdade. Mas, como quase todo entretenimento, também é possível aprender algo com ele. E nessa edição quem está ensinando, dando aulas, é a @linndaquebrada. É ela, com seu corpo, com sua vida, com sua entrega, que está passando imagens tão bonitas e tão fortes. Lina Pereira tem produzido vivências e imagens que podem plantar importantes sementes no imaginário social, sempre disposto a nos empurrar para os mesmos malditos lugares.
Muita gente esperava barraco (porque sim, às vezes precisamos recorrer aos barracos), muita gente esperava discursos caricatos e enfadonhos, na expectativa de poderem falar “ai quanto mimimi” ou “descansa militante”. Mas Lina é esperta, é ligeira. Ela tá mostrando, de um jeito natural (pois é, nós somos naturais, assim como a luz do dia) que travestis podem ser desejadas, sem que isso signifique desrespeito ou esteja de alguma forma atrelado à violência.
Aqui fora, no mundo real, o desejo aos corpos trans infelizmente ainda vem, muitas vezes, junto desse combo desrespeito + violência. Mas Lina, na TV aberta, na maior audiência do país, tá mostrando que romper a norma é possível. E isso é tarefa coletiva.
Não é revolucionário. É caminho.
Lina, com suas qualidades e seus defeitos, com sua humanidade, é um dos caminhos