Lana de Holanda 🏳️‍⚧️
2 min readJan 13, 2021

PAREM DE NOS MATAR

Hoje a polícia encontrou o corpo de Bianca Lourenço, vítima de feminicídio que estava desaparecida desde que seu ex-namorado a levou embora de um churrasco contra sua vontade. Na véspera de Natal o Rio se chocou com o assassinato de Viviane Arronenzi, morta a facadas pelo ex-marido, na frente das duas filhas pequenas. No final de 2020 também foi assassinada Roberta Pedro, também pelo ex-marido.

São muitos casos. Apenas em 2019 foram 143 mulheres assassinadas no estado do Rio, vítimas de feminicídios. Em 2019, enquanto essas mulheres eram mortas a cada dia, eu trabalhava na CPI do Feminicídio, na ALERJ. Foram dezenas de reuniões, audiências públicas e oitivas com autoridades, especialistas no assunto e vítimas de tentativa de feminicídio. Muito duro, mas infelizmente muito necessário.

Fato é que a luta das mulheres nos permitiu avançar. Se hoje vemos na televisão a palavra FEMINICÍDIO, e aos poucos vamos ouvindo cada vez menos “crime passional”, é por conta da luta histórica das mulheres. Não existe nenhuma pequena ou grande conquista, que as mulheres possam hoje ter direito, que não tenha sido fruto da árdua luta de outras mulheres que vieram antes de nós.

A luta pelo fim do feminicídio, e da violência contra as mulheres, é uma urgência do nosso tempo. Precisamos lutar contra o que o patriarcado naturalizou. Enquanto mulher trans/travesti, com o eterno potencial de possível vítima balançando sobre minha cabeça, não vejo outro caminho a não ser o da luta. Por mim, pelas minhas irmãs, cis e trans. E não podemos nos esquecer que as maiores vítimas da violência de gênero são mulheres negras.

Meu coração está com as famílias de Bianca, de Viviane, de Roberta, Thalia, Evelaine, Loni, Anna, Aline e TODAS as mulheres que foram vítimas de feminicídio recentemente.

O “parem de nos matar” não é um pedido. É um grito, é uma ordem, uma insurreição de todas nós mulheres contra a barbárie que se instala sobre nossos corpos.

Lana de Holanda 🏳️‍⚧️

Comunicadora feminista e poeta. Latin America + Human Rights + Feminism. “Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem”, Rosa Lux.